quarta-feira, 5 de setembro de 2012

setembro


Setembro chega com passos de raposa. Entra pelo verão adentro, lembrando que este termina. Um dia, como tudo. Os dias que faltam são muitos, o tempo é distante, o amanhã demora. As horas, os minutos, os segundos, custam a passar. Neles mora a eternidade de um suspiro secular.
No entanto, ainda que demore, ainda que custe, ainda que doa, o dia chega sempre e, num ápice, ou numa quase irrealidade, chegou-se aqui, a este lugar e este momento. Como aproveitá-lo, ninguém sabe... é o agarrar do momento que enfim chegou, mas num repente, já partiu.
Busco algo de perene no fluir deste rio, em que a água que passa nunca é a mesma (já dizia o filósofo), E é difícil, pois o que permanece são as pedras, e o som da água, e os teus soluços por não poderes ser e parar. Queres muito que espere por ti, mas sabes que não posso – sou como o Verão que se deixa ficar em setembro mas sabe que tem de partir, em ciclo redondo.
Pedes-me para ficar e não ceder à transformação. Como não, se a sou eu própria?... se me vejo ao espelho e fluo como o rio, num incessante renovar de sentires. Setembro leva-me, não quero esperar mais.

        
                                                                                Summer Dreams IV, Christine Alfery

Um comentário:

  1. Setembro e Março: dois meses em que a estação anterior se vai ainda espreguiçando; e os dias que se escapam pelos cantos do relógio...

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